terça-feira, 13 de março de 2012

lua nova vida











hoje a noite trazia um rio de laivo triste

escondido nos últimos minutos

sou peixe de pouca escama procuro refúgios onde não existem

a não ser nas camadas lá do fundo

onde o silêncio é tão grande

que tolda a vista

não se vê nada é tudo

matéria sensível

o que posso fazer a não ser

contar os movimentos vermelhos das guelras

pedir perdão

rezar à deriva agradecer

cada bolha de oxigénio cada aniversário

cada vez que disseste meu amor

oh meu amor

quando sair deste rio quero abraçar-te com todo

o meu cardume de esperanças

sacudir as águas debaixo de um candeeiro solarengo

sonhar em voz alta que tudo é possível

tudo até um coração dorido deixar-se florir

ao ouvir o ritmo repetido

da ondulação

da luz do plancton

dos teus lábios abrindo

as minhas feridas com doçura