é uma
força um vento sem corpo
impalpável como desertos inteiros varrendo
os
lábios sedentos suplicando por gotas de alma
atravessas-me
as células com todos os teus camelos
de
águas bravas ondulando
sobre
as minhas costas ainda por crescer
os
meus ossos como crianças à beira do oásis
as
minhas folhas cardíacas, as minhas ramificações
os
meus pulmões que aprendem vénias divinas
em
cada sopro em cada riso em cada alimento
que
me entra na boca posso sentir-te pé ante pé
compondo
os passos que levam à grande lagoa
e eu
oiço e eu rezo e rezo e rezo pela minha própria divindade
és tu
és tu és tu que me fazes crescer para dentro de mim
e
agradeço-te e agradeço-te e agradeço-te
tu és
o divino milagre de olhos rasgados no presente
tu és
o divino que eu sou ao acordar do meu sono muito antigo
e
agradeço-te e agradeço-te e agradeço-te
porque
sei porque sinto porque não há grandes nem pequenas razões
apenas
o teu fogo a forçar-me a ser quem sou quando sou para além
da
cabeça suspensa nos andaimes da cidade herdada em ruínas
tu és
e eu sou onde os nossos mundos se separam e unem no absoluto
e toda
a vasta imensa infindável gratidão rejubila agora
explodindo
sorrisos de amor fulgurante
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