sexta-feira, 11 de junho de 2010

fio





estou suspenso

num fio de algodão doce

as nuvens atravessam-me

o tempo dentro do corpo

os olhos deslumbram lágrimas

sou homem, sei agradecer mas

sou uma máquina de não compreender


disseram-me que antes de haver pessoas

um arco íris já brotava em cada núcleo

uma vénia já dançava em cada célula


eu olho para mim

e só vejo coisas que não sei dizer

mas estou de pé e deixo passar o mundo

deixo que as pessoas me atravessem

como pólen dentro do corpo

sorrio e murmuro embevecido

agradecendo o meu sopro


será pouco ? se for

sinto muito






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