quinta-feira, 15 de julho de 2010

querida louca sem nome amada amiga








mulher de fogo não sei que língua

estender-te que pedras depositar

nas tuas mãos de penas amigas

render-me e perguntar se afinal

és ou não és o dragão açaimado

que me faz tremer as têmporas?


és hoje o meu bicho das dúvidas

sou eu quem hoje treme com medo

que te apaixones e ponhas à mostra

estas grades estas memórias que afinal

trago comigo às minhas econdidas


sei o tamanho da tua paciência posso dar pinotes reclamando ao mundo a minha liberdade

gritar de cada vez que toco nas minhas feridas sou livre sou livre grito eu eu eu eu eu

adolescente que ainda não se sabe olhar ao espelho descobrir-se nú sem pensamentos

amo a tua casa a tua filha a nossa sagrada descoberta conjunta mas sim hoje

tenho sustos nos olhos porque não habito a coluna do meu centro perdoa-me

estes gestos difusos querida louca sem nome amada amiga que me tens de joelhos

disposto a explorar-me e amar-me a mim próprio na tua sagrada presença

exulto em cada pequena comunhão que alcanço contigo depois fujo em pensamentos

de cada vez que me atrapalho a mim próprio com dúvidas um pouco sebosas repito

a memória do jogo de criança que toca e foge sim porque sim porque assumo toco logo fujo

não ligues hoje saem-me as estrias desta maneira preciso estar em casa a conviver com os meus fantasmas

mostrar-te todo este visco toda esta insegurança miserável esta sujidade irreprimível

tomarei os meus banhos minuto a minuto mas para sobreviver preciso desta sangria absurda

é infantil olha para mim com o nariz no ranho olha para a minha colecção de sujidades não te iludas

hoje não me sinto digno da tua verdade mas não tenho pena porque preciso de ar

porque conheço o teu colosso intrínseco sim conheço o teu verdadeiro tamanho





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