mulher de fogo não sei que língua
estender-te que pedras depositar
nas tuas mãos de penas amigas
render-me e perguntar se afinal
és ou não és o dragão açaimado
que me faz tremer as têmporas?
és hoje o meu bicho das dúvidas
sou eu quem hoje treme com medo
que te apaixones e ponhas à mostra
estas grades estas memórias que afinal
trago comigo às minhas econdidas
sei o tamanho da tua paciência posso dar pinotes reclamando ao mundo a minha liberdade
gritar de cada vez que toco nas minhas feridas sou livre sou livre grito eu eu eu eu eu
adolescente que ainda não se sabe olhar ao espelho descobrir-se nú sem pensamentos
amo a tua casa a tua filha a nossa sagrada descoberta conjunta mas sim hoje
tenho sustos nos olhos porque não habito a coluna do meu centro perdoa-me
estes gestos difusos querida louca sem nome amada amiga que me tens de joelhos
disposto a explorar-me e amar-me a mim próprio na tua sagrada presença
exulto em cada pequena comunhão que alcanço contigo depois fujo em pensamentos
de cada vez que me atrapalho a mim próprio com dúvidas um pouco sebosas repito
a memória do jogo de criança que toca e foge sim porque sim porque assumo toco logo fujo
não ligues hoje saem-me as estrias desta maneira preciso estar em casa a conviver com os meus fantasmas
mostrar-te todo este visco toda esta insegurança miserável esta sujidade irreprimível
tomarei os meus banhos minuto a minuto mas para sobreviver preciso desta sangria absurda
é infantil olha para mim com o nariz no ranho olha para a minha colecção de sujidades não te iludas
hoje não me sinto digno da tua verdade mas não tenho pena porque preciso de ar
porque conheço o teu colosso intrínseco sim conheço o teu verdadeiro tamanho
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