tenho os joelhos muito dobrados
na cadeira vermelha do cinema
a voz do jacques brel
atravessa-me o sangue
a humanidade sangra por dentro
da minha tremura
sou um ursinho de peluxe
tenho os membros a desmembrar-se
nas mãos de uma criança
a minha criança eu
a desfazer todas as armas
todas as armaduras de gestos
olhares palavras cofres-fortes
que me impedem de chegar
ao tesouro
eu a desmontar os meus joelhos
a desmontar a cadeira vermelha
a desmontar o cinema
a desmontar a minha voz
dentro da voz-casulo do jacques brel
eu a desmontar todo o meu mundo todo
espalhado no chão confiando
que o arrumador vai aparecer
com uma lanterna numa mão
e o livro
das novas instruções da vida
na outra
1 comentário:
é belo este sangue transparente.
Enviar um comentário