quarenta e nove corpos celestes desaguam
no meu contentor de lágrimas
transbordam atravessam
pestanas e barragens
observo uma parte substancial do universo
a explodir-me as certezas pelo método hidráulico
do choro involuntário
sou mais uma obra de arte
da escultura das galáxias
a minha cabeça é um bloco de matéria a transformar-se
o meu coração é um bloco de matéria a transformar-se
todas as narinas pupilas todas as vértebras da vontade
todos os lírios das mãos a transformar-se
pela força gravítica da alma
são apenas gotas de água ,doce
pitadas de sal salpicado
aqui e ali
até apurar o desenho do destino
cabeça coração de cristal
finalmente cristalino
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