segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

mergulho afundo




mergulho afundo

olhos dedos apalpo-me por dentro

avanço sem medir as raízes

a minha árvore medita no meio da floresta

atravesso o mundo nas galochas da infância

pés encostados aos mindinhos da inocência

embalados na descoberta alegre das coisas

a máquina do mundo abrindo as suas gavetas

de repente o que é isto o que se passa

uma massa esponjosa vermelho veludo uma tontura

a vida oferece-me o coração em primeira mão desde que há vida

deixo-me levar pelo susto ou embalo no extâse

a escolha é a mãe da experiência sussurram pirilampos

inseminando pequenas palavras luminosas no interior dos galhos

as minhas artérias ressentem-se revolvem-se recriam-se

eu agora em pé em frente ao coração

eu agora nú em frente ao coração

eu agora







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