todas as cadeias do mundo barras de metal
quadriculados corredores da morte cantinas cerradas
quilómetros de ordens de prisão secretárias guardas
sheriffs detectives não chegam para ilustrar
os páteos de pura ilusão
de liberdade
onde inconscientemente convivem
em modernos apartamentos conceptuais
as minhas moléculas de ADN
é por isso talvez por isso descobri agora
que as minhas cascatas se derramam ao mínimo toque
uma notícia mais lamecha um rapaz a passear o pai idoso
um homem a discutir absolutamente convencido da utilidade da sua razão
coisas supostamente más supostamente boas supostamente além
de qualquer juízo possível
nada faz sentido a não ser a grandeza de O Amor
a matemática a química a electricidade a magnética de O Amor
e basta uma gota um vestígio de gota
que se assome ao miradouro do meu crâneo
para toda a matéria corporal implodir as suas barragens
as mesmas que supostamente produzem energia
oscilo como uma pulga apaixono-me deprimo-me
canto como uma criança desafinada choro todo o meu caudal
escancaro todos os meus risos e nada faz sentido tudo É
a potência de estar vivo dentro da vida
o colosso de Ser
um espírito faz-se corpo abre um terramoto
as placas reajustam-se por entre os afectos espartilhados
todos os rios anseiam pelo som do encaixe a última peça do puzzle
nós todos humanos meninos ferreiros a fundir a fonte na foz
ouvir a voz dos rios a correr simples pela natureza das veias
a sabedoria minimal dos glóbulos e das árvores purificadas
pela ternura indestrutível da beleza
sim sou assumo
e assino a via lactea
com a minha liberdade o meu próprio sangue materno
puro branco
inadvertidamente
eterno
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