quinta-feira, 22 de outubro de 2009

RINGUE








sem querer todos os dias planto uma árvore a floresta

cresce em densidade abre espaço nas minas

subterrâneas do peito posso extrair

minutos e metais preciosos, carícias

que hibernavam como grandes ursos solitários

quase gigantes mansos selvagens sonolentos amorosos

soterrados por camadas de cavernas transparentes

oh que mundos me encobrem outros mundos

de onde vêm todas estas formas de vida ?

afloram mindinhos delicados , pequenos sinos tranquilos

assomam a sua gentil cabeça ao mínimo som

vindo da flora do coração entre os mamilos


ontem aventurei mais dois passos pegadas

sensações gato das botas

na selva branca perigosamente virgem de O Amor

é como levitar por cima de um ringue de gelo

um chão de cristal onde dormem todas as nossas lágrimas

todas as nossas alegrias de humanos entregues

ao grande parto do mundo cheio de filhos folhas pequenos

insectos certezas doçuras dúvidas mãos entrelaçadas

fazendo juras em nome da grande bússola

que regula o grande elevador

sobe e desce os magnetismos cardíacos

as pistas por onde circula a tristeza e a loucura

perfurando o tempo em direcção à redenção

amorosa de O Amor


ontem aventurei mais dois pés deslizantes sem corrimão

oh capitão do meu grande lago desconhecido à beira-querida

oh grande lago mãe do mundo , quanto mais água mais espanto


esse ontem já não existe, dissolveu-se no momento

em que foi nomeado e no entanto

hoje sou um animal mais vivo mais rápido mais lento

mudo de nome todos os dias à medida de cada árvore

recém nascida


ontem hoje eu e o tempo


um funeral por cada minuto uma festa

um nascimento





1 comentário:

Anónimo disse...

o outono é uma epoca mágica...
:)