um planeta redondo inteiro
imerso no primeiro
espermatozóide
acende
faróis inteiros na consciência
quem sou eu ?
um minúsculo astronauta
dobrando joelhos gigantes
soprando papoilas vermelhas
com amor de mãe
observando os globos dos
olhos descendo com as pétalas
até pousar na coroa da Terra
todos esses mundos nascem
dentro de mim
dentro do meu próprio
astronauta que arrisca
novos passos em silêncio
eu sou a seiva sou a a raíz
da lava que acende a vida
as minhas pernas são feitas
de terra vermelha
a minha barriga é um rolo de
barro amarelo e luminoso
os meus braços foram
plantados na massa verde das estrelas
a minha cabeça de príncipe é
um asteróide violeta
todas as células do meu corpo
dão as mãos como crianças
dançando
as plantas dos pés na relva
celebram o caule a florescer
em corola
soltando movimentos
desenhados no infinito
com o peito na cabeça e a cabeça no peito
sou uma fábrica de energia limpa
livre ilimitada gratuita
as minhas mãos são férteis
como a terra
os meus dedos passeiam
anéis giratórios de luz
formando Tórus dentro de
Tórus dentro de Tórus
respiro amo sinto
renasço vivo
limpo
a minha nave são flores
submersas
no magnetismo amoroso das
árvores
afinal sou
um vazio tão fértil
as papoilas sobem os ventos
ao contrário
como salmões vibrantes
insurrectos
desejosos de nascer
a vida na terra acontece
como o riso dentro das
estrelas