terça-feira, 30 de outubro de 2012

respirar







o poema nasce quando 


se limpa o espaço à volta


e as palavras podem brilhar









sexta-feira, 19 de outubro de 2012

terra






um planeta redondo inteiro
imerso no primeiro espermatozóide
acende faróis inteiros na consciência
quem sou  eu ?

um minúsculo astronauta dobrando joelhos gigantes
soprando papoilas vermelhas com amor de mãe
observando os globos dos olhos descendo com as pétalas
até pousar na coroa da Terra

todos esses mundos nascem dentro de mim
dentro do meu próprio astronauta que arrisca
novos passos em silêncio

eu sou a seiva sou a a raíz
da lava que acende a vida

as minhas pernas são feitas de terra vermelha
a minha barriga é um rolo de barro amarelo e luminoso
os meus braços foram plantados na massa verde das estrelas
a minha cabeça de príncipe é um asteróide violeta

todas as células do meu corpo
dão as mãos como crianças
dançando
as plantas dos pés na relva
celebram o caule a florescer em corola
soltando movimentos desenhados no infinito
com  o peito na cabeça e a cabeça no peito

sou uma fábrica de energia limpa
livre ilimitada gratuita

as minhas mãos são férteis como a terra
os meus dedos passeiam
anéis giratórios de luz
formando Tórus dentro de Tórus dentro de Tórus

respiro           amo           sinto

renasço           vivo           limpo

a minha nave são flores submersas
no magnetismo amoroso das árvores

afinal sou
um vazio tão fértil

as papoilas sobem os ventos ao contrário
como salmões vibrantes insurrectos
desejosos de nascer

a vida na terra acontece
como o riso dentro das estrelas




quinta-feira, 11 de outubro de 2012

beijo





a manhã subia pela terra
 cresciam sementes de ouro 
galopavam espigas de mel

apeado sem sela nem corcel
flori e apenas disse sim 
em vez de não


 e o sol quente 
na tua boca de repente
sabia a miolo de pão