segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
mergulho afundo
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
o mar sabe esperar
o mar sabe esperar na alegria
passaram séculos talvez milénios
enquanto a ave pousava devagar
as suas patas delicadas
o mundo pode abrir-se num segundo
a ave recém chegada observa
disfruta ama beberica
um sol posto na colina
das costas
que constantemente se viram
para acolher quem vem lá
quem nunca deixou de vir
o mundo é este infinito absurdo
esta beleza aterradora:
uma ave um tempo um sol
um mar de esperas traduzidas
na linguagem amorosa
do silêncio
sábado, 8 de janeiro de 2011
três safiras
uma semente de silêncio
destapa uma semente de luz
o fogo nasce no coração
dos olhos de um bébé
vive no umbigo de uma estrela
recém-nascida
todas as galáxias todas as mães
são árvores que herdaram
os ramos mais finos dessa luz
as folhas desse silêncio onde
cada grito é uma célula
a pedir alimento
cada átomo é um orfão
a fazer bolinhas de pão branco
a desenhar uma linha desde o miolo
da floresta até ao tesouro do lar
escondido na concha da mão
todos os seres humanos são orfãos de si mesmos
enquanto os ramos as raízes os abraços os beijos
enquanto a nossa copa o nosso corpo minúsculo
não entroncar no coração do gigante adormecido
as várias camadas do tempo conspiram agora a nosso favor
o gigante do amor estremece
reconhece três milagres três safiras e agradece
todas as vénias são preciosas
as várias camadas do tempo vêm pedir-nos para dançar
agora a nosso favor
o coração estremece
estremece
fotografia : miguel carrelo