os malmequeres enlouquecem dançando nos campos
quero ver-te rasgar os teus altos risos a galope
sentir a força dos teus quadris envaidecidos
pelas carícias da terra inebriada no teu cheiro
porque eu também enlouqueço quando me chamas
com essas cordas de seda hidratada no brilho das sereias
enlouqueço nos reflexos das escamas de prata ou serão pétalas
da deusa maior do amor que a tua presença enaltece
tu, rainha alucinada das andorinhas que atravessam azuis
sem fim à procura do poiso manso que uma vida, uma vida
quer sempre descer para verter a sagrada luz primeira
tu, menina madura sobre os ombros da pradaria
olhando os secretos perfis das flores quando ovulam
sentindo o rasto sensual das negras redondas formigas
avançando sem nunca ter conhecido o medo
tu, incrível imperatriz dos mundos que habitam as altas
hereges almofadas nascidas nas caves da polpa corajosa
tu, que a ferro, que a fogo, tu que como simples orvalho
como simples aurora ressuscitas todos os dias no miolo
da glória impronunciável que a luz derrama no tempo
tu, serás o sagrado culminar da tua semente humana
vibrando na pureza celeste, no intocado firmamento
e da tua doce lâmina surgirá a hélice do vento
e já feito cavaleiro o meu vulnerável
e poderoso humano alento