quarta-feira, 15 de abril de 2015

as flores quando ovulam




diz-me se o teu cavalo expulsa as crinas quando
 os malmequeres enlouquecem dançando nos campos 
quero ver-te rasgar os teus altos risos a galope
 sentir a força dos teus quadris envaidecidos
 pelas carícias da terra inebriada no teu cheiro
 porque eu também enlouqueço quando me chamas
 com essas cordas de seda hidratada no brilho das sereias
 enlouqueço nos reflexos das escamas de prata ou serão pétalas
 da deusa maior do amor que a tua presença enaltece
 tu, rainha alucinada das andorinhas que atravessam azuis
 sem fim à procura do poiso manso que uma vida, uma vida
 quer sempre descer para verter a sagrada luz primeira
 tu, menina madura sobre os ombros da pradaria
 olhando os secretos perfis das flores quando ovulam
 sentindo o rasto sensual das negras redondas formigas
 avançando sem nunca ter conhecido o medo
 tu, incrível imperatriz dos mundos que habitam as altas
 hereges almofadas nascidas nas caves da polpa corajosa
 tu, que a ferro, que a fogo, tu que como simples orvalho
 como simples aurora ressuscitas todos os dias no miolo
 da glória impronunciável que a luz derrama no tempo
 tu, serás o sagrado culminar da tua semente humana
 vibrando na pureza celeste, no intocado firmamento
 e da tua doce lâmina surgirá a hélice do vento
 e já feito cavaleiro o meu vulnerável
 e poderoso humano alento








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